O que se tem visto na mídia essa semana jogou luz sobre a questão da violência no estado do Rio e Janeiro como nunca antes. Isso porque tanto estado quanto sociedade se acostumaram a conviver com ela ao longo dos anos. A diferença desta vez, não ficou por conta dos ataques incediários, mas sim pela resposta dada pelo estado à explosão de violência manifestada pelos atentados incendiários. Os traficantes desafiaram a sociedade não somente com a dominação de territórios, mas pela demonstração de força que cerceava não só a vida das comunidades, mas de toda a sociedade. A resposta do estado foi uma novidade à parte. Agindo desde o princípio com uma postura de que tudo estava sob controle, a cúpula da segurança fluminense usou de inteligência, estratégia e força. A utilização do apoio das
forças armadas com um aparato inédito em atuações do gênero, fez a sociedade vibrar e os bandidos tremerem. Tanques blindados, soldados camuflados, cenas de guerra que serviram mais para amedrontar do que para entrar em confronto direto. Enquanto a sociedade, que assistia pela tv, gritava mata, mata para as centenas de marginais em fuga, a polícia dava uma demonstração de inteligência quando declarava que o objetivo era aquele: mostrar a fraqueza das gangues. Prova dessa inteligência foi a retomada das favelas com um número mínimo de vítimas e levando à justiça aqueles que sempre viveram à sua margem. O sucesso da polícia fluminense no maior bunker da violência carioca é inegável, mas o que os fluminenses devem esperar após essa ação? O que aconteceu com as centenas de bandidos mostrados pelo helicóptero da Globo? O governo será capaz de manter esse contigente de policiamento nas ruas do estado? E ainda mais grave: se esse nível de repressão for mantido nas comunidades cariocas é muito provável que os bandidos migrem para outros locais, especialmente para as cidades da região metropolitana. E se isso acontecer -os jornais garantem que já acontece há muito tempo- como ficará a segurança dos fluminenses que residem fora da capital? O aparato de segurança pública responderá à altura para garantir a paz por aqui? Os especialistas garantem que não há condições operacionais de instalar uma UPP em cada comunidade dominada pelo tráfico. Com Copa do Mundo e Olimpíada na capital fluminense não será de se surpreender se todo contigente de segurança se dedique a assegurar a integridade física dos turistas. Mas e nós? Seremos obrigados a conviver com um aumento da criminalidade em Niterói, São Gonçalo, Baixada Fluminense e até o interior do estado? Vamos torcer para que não fiquemos esquecidos pelo governo do estado. Uma boa prova de que essa tese é nula é se o estado começasse a instalar UPP´s por aqui já. O episódio da retomada dos Complexos da Penha e Alemão serviu para provar que o estado do Rio de Janeiro tem sim capacidade de retomar a autoridade em qualquer área conflagrada pela violência.